terça-feira, 22 de maio de 2012

2. Influências teóricas ao pensamento de Freire:

A partir dos estudos concretizados compreende-se que o pensamento de Paulo Freire é múltiplo e está sempre em evolução; nesse sentido, considera-se que no decorrer de sua vasta produção teórico-prática, o autor sofre várias influências. Dentre elas destacam-se:
Cristianismo
Sobre a influência cristã, destaca-se a relação entre a ideia conhecida como ver – julgar – agir e o conceito freireano de ação – reflexão – ação: a orientação católica conhecida como ver-julgar-agir foi adotada no início do século passado pela Ação Católica e veiculada especialmente pelo Conselho Mundial das Igrejas. Nesta perspectiva ver seria o estudo da situação concreta; o julgar seria a apreciação da situação à luz de princípios e diretrizes bíblicos; e o agir, o exame das possibilidades de aplicação desse princípio na situação.
Humanismo: O existencialismo cristão e o humanismo por seu compromisso com a humanização (ou com um humanismo verdadeiro).
Fenomenologia:
A Fenomenologia hegeliana influencia o pensamento de Paulo Freire pela dimensão subjetiva da construção do conhecimento e da intervenção na realidade; especialmente no que diz respeito à compreensão do papel da consciência no processo de emancipação.
Marxismo:
A contribuição marxista relaciona-se a dimensão social do conhecimento e da ação. Esta referência permitiu a Freire compreender a construção do conhecimento e a conscientização como uma ação iminentemente coletiva, embora desenvolvida por cada pessoa, subjetivamente. Uma construção teórica historicamente situada e concatenada às intervenções de um sujeito-autor que pretendia não apenas conhecer, mas conhecer para transformar.
A compreensão marxista do caráter social da condição humana permitiu ampliar a visão da ação educativa como processo social, o que pôde se traduzir em construções teóricas do tipo “ninguém educa ninguém; ninguém se educa sozinho”. Neste sentido, as orientações pedagógicas freireanas convergem diretamente às orientações marxianas, para as quais a educação não é algo pronto a ser imposto, mas um processo relacional no espaço-tempo, que se constrói no diálogo entre os atores envolvidos. Por ser um fenômeno eminentemente social, responde às condições sociais e está para além delas, de modo que, ao mesmo tempo em que reproduz cenários de desigualdades, permite a emancipação social.

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