A partir dos estudos concretizados compreende-se
que o pensamento de Paulo Freire é múltiplo e está sempre em evolução; nesse
sentido, considera-se que no decorrer de sua vasta produção teórico-prática, o
autor sofre várias influências. Dentre elas destacam-se:
Cristianismo
Sobre a influência cristã,
destaca-se a relação entre a ideia conhecida como ver – julgar – agir e o
conceito freireano de ação – reflexão – ação: a orientação católica conhecida como
ver-julgar-agir foi adotada no início do século passado pela Ação Católica e
veiculada especialmente pelo Conselho Mundial das Igrejas. Nesta perspectiva
ver seria o estudo da situação concreta; o julgar seria a apreciação da
situação à luz de princípios e diretrizes bíblicos; e o agir, o exame das
possibilidades de aplicação desse princípio na situação.
Humanismo: O existencialismo cristão e o
humanismo por seu compromisso com a humanização (ou com um
humanismo verdadeiro).
Fenomenologia:
A Fenomenologia hegeliana influencia
o pensamento de Paulo Freire pela dimensão subjetiva da construção do
conhecimento e da intervenção na realidade; especialmente no que diz respeito à
compreensão do papel da consciência no processo de emancipação.
Marxismo:
A contribuição marxista relaciona-se
a dimensão social do conhecimento e da ação. Esta referência permitiu a Freire
compreender a construção do conhecimento e a conscientização como uma ação
iminentemente coletiva, embora desenvolvida por cada pessoa, subjetivamente. Uma
construção teórica historicamente situada e concatenada às intervenções de um
sujeito-autor que pretendia não apenas conhecer, mas conhecer para transformar.
A
compreensão marxista do caráter social da condição humana permitiu ampliar a
visão da ação educativa como processo social, o que pôde se traduzir em
construções teóricas do tipo “ninguém educa ninguém; ninguém se educa sozinho”.
Neste sentido, as orientações pedagógicas freireanas convergem diretamente às
orientações marxianas, para as quais a educação não é algo pronto a ser
imposto, mas um processo relacional no espaço-tempo, que se constrói no diálogo
entre os atores envolvidos. Por ser um fenômeno eminentemente social, responde às
condições sociais e está para além delas, de modo que, ao mesmo tempo em que
reproduz cenários de desigualdades, permite a emancipação social.
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